sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Meia-Noite

Em horas desafinadas
Gatos negros uivam à lua

Lugares santos em profanas ruas
Janelas expõem a verdade nua

Lobos caçam sonhos de menino
Fadas assombram fantasmas inocentes

Um cronista escreve em mesas e copos
Relatando a loucura em viva pena

Ilusoes se retraem para cantos luminosos
E o silêncio só existe para quem o ouve

Portas vão a lojas que nunca abrem
E vendem-se cordas com estrelas cadentes

Perpetuos deuses de mortal descendencia
Brincam na areia de diamantes finos

Livros mais vivos que seus leitores
Atraem vortices de delirio profundo

Poesias são queimadas para voarem ao céu
Poetas são amarrados para descerem ao limbo

Goles de sobriedade tem peso em ouro
Escassos como a verdade das palavras

Procure às almas da meia noite
E receba nevoas do passado , presente e futuro

Na hora que não esta em mapas ou relogios
Escape da insana rotina normal



Venha degustar a realidade, de nossas loucas fantasias


Nossos destinos se entrelaçam
por finos bordados de ouro

Em uma cena de cetim puro
Meus sentidos te simulam

Em cada palavra me lembrando
seu toque , seu olhar

Universos inteiros à conspirar
só em seu abraço , infindo

Mares de luz afagam sua coroa
levando junto singela harmonia

Pois um segundo se tornou um dia
Em uma sinfonia de horas a toa

Talvez curto seja o sentido
mas o amor que por ti tenho

é o mais largo do mundo


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Fugitivo

Corro desse escritor compulsivo e cansado
palavras sao libertas e espalhadas
especialmente eu.
Mas ele insiste em me algemar àquela planicie nevada
apenas para mais uma fuga dá prisão
Não posso ser condenado !

Tantas jovens a suspirar...
tantos duelos me aguardam...
Romeo marcou hora e não posso atrasar !

Por favor, te imploro ó poeta
não me amarre
o mundo se entristece sem minha beleza
não me prenda
pois livre eu vim
e livre fico ao seu lado!

Ass: Amor

Minha Fé

Acredito em duvidar

Dar aos loucos uma nova crença

Professo meu sofrer

A cada hora que a vida cessa

Confio em nós

E nas chamas do céu ardente

Me escondo de vós

Por medo da luz nascente

Ouço harmonias divinas

Mesmo nos ritos profanos

Voei em asas celestes

Quando venci meus enganos

Viverei eternamente

Se me levar em seu coração

Seu anjo somente

No infinito da nossa criação

Meu amor

sábado, 9 de agosto de 2008

Tradução do poema no Capítulo Segundo



Take your black wings to fly

Pegue suas asas negras para voar

Enter our realm of truth and cry

Entre em nosso reino de verdade e lágrimas

Master paths to what is fair

Domine caminhos para o que é certo

Put your way trough earth and air

Ponha seu caminho atraves de terra e ar

Open eyes to soaking light

Abra os olhos para a luz que o banha

Rending roads to love and fight

Golpeando estradas para o amor e a guerra

Unite thy dreams aeons apart

Una os sonhos por eras separados

May your God bless soul and heart

Que seu deus abençoe a alma e o coração

Capitulo Segundo: Temporum


Londres, 3 de maio de 1408

Dante era uma pessoa muito calculista, a ponto de seu apelido quando servia ao exercito ser "Deigh" , ou gelo em Gaelico. Falava pouco em festas, menos ainda no trabalho...não que houvesse muito esses últimos anos. Filho de um escudeiro do rei, ele apenas pensava em ser cavaleiro de grandes batalhas, uma vida gloriosa, tendo sobre si os louros de cada batalha e cada fortaleza caída.

Nas ironias do destino, ele realmente tombou castelos e e venceu guerras... Mas todos os seus atos foram nas sombras. Seu trabalho nas guerras era simples , embora difícil de se executar. Era o único assassino reconhecido por Henrique IV , um grande feito para alguém de apenas 23 anos. Suas vitimas eram sempre generais, cardeais , ou lordes. Suas incursões sempre poupavam vidas dos soldados em batalha, ou pelo menos era o que ele pensava nas poucas noites em que sentia remorso.

Sempre evitava se envolver em problemas, já que discrição era uma armadura mais eficaz que aço.. Pelo menos era o que pensava, até entrar naquela taverna.

A cena seria até comum, trivial : Um nórdico embriagado levando uma garota a força. O que fugia do comum, eram as roupas dela, reveladoras até se ela fosse uma dançarina. E sua voz, que mesmo gritando, era estranhamente melodiosa. Não pensou duas vezes e falou para o pequeno bárbaro soltar a mulher...Logicamente , ele não seria atendido , já que um sujeito rude o suficiente para arrastar uma dama, não ia entender que o pedido foi muito mais um aviso do que uma demanda.

Quando deu por si, já estava em fora do bar, com um pequeno berzeker tentando derruba-lo. A "a maior arma é a calma" , vieram as palavras de seu tutor á memória, o agressor já perdeu essa arma a muito tempo, então está despreparado para....

Os expectadores viram, um soco e uma cotovelada... Na verdade aquele borrão era o de três golpes em seqüência ... Mais rápido do que ele pensava , a luta acabou...

Estava olhando as moça, devia ser uma nobre, pois era de aparência muito bem cuidada.. Sem cicatrizes, nem marcas na pele.. Pele muito exposta por sinal..

Sem palavras, estendeu a mão e ajudou-a a se levantar... Naquela hora, percebeu o que estava errado nela.. o que o impeliu a ajudar... Ele havia estudado alquimia com seu tio.. Uma das coisas que podia saber era a data exata de nascimento da pessoa.. Nada muito poderoso.. Mas ainda assim útil quando combinado à astrologia. E a data de nascimento dela, era 600 anos depois de quando estavam..

Sua mente , voltou á analise lúcida e fria... Já ouviu falar de pessoas que foram ao futuro, falando de carruagens mais rápidas que pássaros, e castelos cortando o céu... Mas não era possível "voltar" ao passado.. Pelo menos era o que ele pensava.


-De onde és? Ele pergunta.

-Moro na Picadilly! Ela responde, visivelmente atordoada.

-Sei que não é dessa era.. Pergunto mais uma vez, de onde vens? E qual alquimista foi tolo de te trazer ao passado?

Ela parecia não entender todas as palavras, e quando entendia, suas respostas geravam mais duvidas.. falava de lugares que ele não sabia, e insistia em elogiar o talento dos atores.. falava sobre uma tal de “hintherneit”...Poderia ser ela uma pagã que cultua divindades futuras?

Nesse momento confuso, percebeu uma inscrição na pedra que servia de pórtico na taberna.

Take your black wings to fly

Enter our realm of truth and cry

Master paths to what is fair

Put your way trough earth and air

Open eyes to soaking light

Rending roads to love and fight

Unite thy dreams aeons apart

May your God bless soul and heart

Dante ficou confuso. Aquela escrita não era hebraico, ou grego, nem latim. Era inglês, sabia disso, pois aquela linguagem era usada em documentos de sigilo. Já que o clero não compreendia, e poucos tinha entendimento desse meio.

Contudo ,estava ali, claro e legível..Segurou a mão da mulher, e sentiu o destino tecendo fios a sua volta....


Assim, como um encontro de duas galáxias...

Como uma gota caindo no lago plácido, os eventos haviam começado...

E a ressonância daqueles dois, ecoaria mais forte que as trompas dos Deuses.

Londres , 3 de maio de 1408





PS: Especial para a Lívia por me motivar tanto a escrever e ter tanta paciência comigo

;**



sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Sonhador................

Procurei belas flores de marfim
Nos campos do sonho profundo

Em vida sempre fui assim
Um errante, só no mundo

Agora me despedi do corpo
Para dar asas a ilusão

Voando em um girassol torto
Flutuando nos ventos do coração

Cantei para sereias que dormiram
Colhi a chuva na lua de prata

Bebi lágrimas dos que nunca choram
Caí ao peso de uma carta

Sonho com o mundo e seu fim
Sonho com o universo e seus varios inícios

Sonho em não precisar mais acordar


Mas um sorriso apenas
é o que preciso

Para abandonar o sonhar
E me ajoelhar ao seu reino

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

o amor é definido pelos defeitos que se aceita,
não pelas qualidades que qualquer um reconhece,
é sabendo o que uma pessoa tem que voce não gosta
que descobrimos até onde podemos amar ela

domingo, 3 de agosto de 2008

Para encontrar o Amor

Não procure o amor
Como uma imagem no album
Nem como um ator
Ou num lugar comum

Procure nas palavras sussuradas..
Nas musicas que só amantes ouviram
Nos cantos de luzes cansadas
Ou em beijos que só sonhos sentiram

Não pense como um desenho
Impresso e pronto
Pense em muito carinho
E abraços até passar do ponto

Ele é como uma obra prima
Única e incomparável
Que so nasce do fundo da alma
E vive com dedicação incansável

Meu amor

PS: Feito de improviso alguns meses atrás ^^"

Quatro momentos de Uma só eternidade

Me encontro no seu sorriso pleno
Mostrando uma beleza calma
Procurando um quarto bem pequeno
Que guarda a chave da sua alma

Quero mil dias em uma ilha deserta
Com o seu olhar que alma me aperta
Um céu só dos nossos desejos
Um oceano inteiro só dos seus beijos

Noites vazias sem aquele pensamento
Apenas fazem gelar o pobre coração
Que só bate por aquela canção
Do seu carinho puro a todo momento

Em três palavras resumo meu viver
"eu te amo" e nada mais importa
Pelos belos abraços de alvorecer
Meu infinito rodopia a sua volta


Para você meu amor
O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

Capítulo Primeiro: Chegada

Londres, 3 de maio de 1408

Helena acordou sem abrir os olhos. Falou baixo para si mesma:

- Maravilha... menos um número no celular, e mais uma ressaca, e mais uma reclamação por eu ter dormido na mesa...

Alguns gritos, ela já esperava, então nem se deu ao trabalho de olhar. Mas algo estava errado. Aqueles gritos não pareciam ser inglês ... Alias, eram em inglês, mas um que era terrivelmente fora de época. Já não se usava mais o "Thou" , e nem se usava aquela fala rebuscada e formal... E por algum motivo , estavam a chamando de "My lady".

Levantou o rosto , e teve aquela incômoda sensação de ser o centro das atenções. Estava em uma taverna, parecia vagamente familiar ao lugar que adormeceu...Tirando os animais pendurados e o chão coberto de palha, e a ausência de qualquer coisa que lembrasse o século XXI.

A pessoa que a estava chamando, era um homem baixo, com uma cicatriz no pescoço e uma cota de malha muito enferrujada. Ele deu um sorriso malicioso e falou :

-"My Lady" , uma dama como você não deveria estar vestida assim! Deve estar com frio! Posso aquece-la um pouco em minha humilde casa?


Helena não sabia que peça estavam lhe pregando, mas era uma muito boa. Os mal-encarados eram perfeitos, e até a limpeza do local era o que ela esperava de uma taverna. Pensou no que o sujeito disse, e reparou que estava com um vestido bem revelador (que as amigas chamavam de "El matador" pelo efeito obvio na população masculina). Uma segunda observação foi de que não haviam mulheres ali com qualquer roupa mais provocante do que uma veste episcopal. A terceira foi que os atores sabiam simular desconcertantemente bem a atitude de um lobo vendo uma presa indefesa...e ela não tinha duvida de que era a ovelha da vez. Uma quarta observação foi interrompida quando o homem baixo a levantou e começou a carrega-la em direção a porta.
Sua quinta observação foi gritar:

-Socorro !!! Assedio!! Policia!! Socorro!!!

Por mais que esperneasse ou gritasse, ele não a deixava ir, muito menos alguém a ajudou. Pareciam todos agir como se fosse algo normal. Ela achou que a brincadeira foi longa demais, e tentou um ultimo recurso:

-Chega!! Eu sei que é uma piada, podem parar de atuar, se continuarem eu vou processar o programa!!

Nisso o homem a abaixou e sorriu novamente. Nessa hora ela reparou nos detalhes impressionantes da roupa, do figurino, a sujeira , até a dentição era o que se esperava de um quase-viking...

Assim, como um mergulho em água fria, ela repentinamente tomou consciência. Aquilo não era encenação, de alguma forma, ela veio parar em uma taverna que ficou seis séculos travada no tempo? Não, não é possível...viagem no tempo é coisa para Tachyons e ficção cientifica... Ela só bebeu um pouquinho a mais , não era possível! Suas reflexões sobre a natureza do universo foram interrompidas quando mais uma vez estava sendo levada à a porta. Parecia tudo perdido , não conseguia fazer absolutamente nada que tivesse efeito, até pensou em chorar, mas o orgulho de mulher moderna não se curva nem ao tempo, então deixou de lado, se contentando em falar e espernear (Ainda não convencida que era de verdade)

Subitamente, uma figura adentra o lugar. Ela não consegue ver muito bem, mas percebe que é um homem alto, usando guantes (amadura para as mãos e antebraços) , mas estranhamente, sem nenhuma outra peça de aço. Apenas um colar, em forma de dragão, feito de ouro. Ela não ouviu o que o recém chegado falou, afinal, ainda estava se acostumando ao inglês pré-gramática, as palavras que reconheceu foram : Quem, não, e lá fora, outra ela não compreendeu mas era com certeza um insulto (essas palavras são sempre reconhecíveis, em qualquer língua).

Quando ela se deu conta, estava já no exterior do restaurante, olhando o que deveria ser Londres, mas Londres tinha prédios, asfalto e serviços de limpeza urbana, os três evidentemente não existiam ali, aliás, o lugar parecia inalterado pela revolução industrial, ou até pelo renascimento italiano.

O baixinho da cicatriz largou-a no chão e ela finalmente pode observar o estranho. Era alto, aproximadamente um metro e oitenta, cabelos negros, olhos mais negros ainda, e uma aparência um pouco ameaçadora. Algo em seu olhar parecia queimar como um fogo infernal. Algo em sua cabeça o chamou de "Dante"

Não foram trocadas palavras. O homem que a agarrou saiu correndo como um louco, avançando para cima do estranho, girando os braços para golpeá-lo. "Dante" se esquivou como se estivesse entediado por um palhaço particularmente sem-graça . Sem mudar de expressão, deu um soco no ventre do inimigo, seguido por uma cotovelada que encerrou a luta.

Ela não sabia o nome de verdade dele. Não sabia onde, em que ano, ou em que planeta ela estava.

Ela não tinha entendido muitas palavras até agora, mas sabia que tinha sido salva

E pela primeira vez na vida, um homem a ajudou... Parecia bom demais para ser verdade... O mais inverossímil de tudo era alguém ter feito algo por ela... Isso que não dava para acreditar...

Olhou nos olhos do estranho , e sentiu um arrepio que não tinha nada a ver com o frio.

Londres, 3 de maio de 1408