sábado, 9 de agosto de 2008

Capitulo Segundo: Temporum


Londres, 3 de maio de 1408

Dante era uma pessoa muito calculista, a ponto de seu apelido quando servia ao exercito ser "Deigh" , ou gelo em Gaelico. Falava pouco em festas, menos ainda no trabalho...não que houvesse muito esses últimos anos. Filho de um escudeiro do rei, ele apenas pensava em ser cavaleiro de grandes batalhas, uma vida gloriosa, tendo sobre si os louros de cada batalha e cada fortaleza caída.

Nas ironias do destino, ele realmente tombou castelos e e venceu guerras... Mas todos os seus atos foram nas sombras. Seu trabalho nas guerras era simples , embora difícil de se executar. Era o único assassino reconhecido por Henrique IV , um grande feito para alguém de apenas 23 anos. Suas vitimas eram sempre generais, cardeais , ou lordes. Suas incursões sempre poupavam vidas dos soldados em batalha, ou pelo menos era o que ele pensava nas poucas noites em que sentia remorso.

Sempre evitava se envolver em problemas, já que discrição era uma armadura mais eficaz que aço.. Pelo menos era o que pensava, até entrar naquela taverna.

A cena seria até comum, trivial : Um nórdico embriagado levando uma garota a força. O que fugia do comum, eram as roupas dela, reveladoras até se ela fosse uma dançarina. E sua voz, que mesmo gritando, era estranhamente melodiosa. Não pensou duas vezes e falou para o pequeno bárbaro soltar a mulher...Logicamente , ele não seria atendido , já que um sujeito rude o suficiente para arrastar uma dama, não ia entender que o pedido foi muito mais um aviso do que uma demanda.

Quando deu por si, já estava em fora do bar, com um pequeno berzeker tentando derruba-lo. A "a maior arma é a calma" , vieram as palavras de seu tutor á memória, o agressor já perdeu essa arma a muito tempo, então está despreparado para....

Os expectadores viram, um soco e uma cotovelada... Na verdade aquele borrão era o de três golpes em seqüência ... Mais rápido do que ele pensava , a luta acabou...

Estava olhando as moça, devia ser uma nobre, pois era de aparência muito bem cuidada.. Sem cicatrizes, nem marcas na pele.. Pele muito exposta por sinal..

Sem palavras, estendeu a mão e ajudou-a a se levantar... Naquela hora, percebeu o que estava errado nela.. o que o impeliu a ajudar... Ele havia estudado alquimia com seu tio.. Uma das coisas que podia saber era a data exata de nascimento da pessoa.. Nada muito poderoso.. Mas ainda assim útil quando combinado à astrologia. E a data de nascimento dela, era 600 anos depois de quando estavam..

Sua mente , voltou á analise lúcida e fria... Já ouviu falar de pessoas que foram ao futuro, falando de carruagens mais rápidas que pássaros, e castelos cortando o céu... Mas não era possível "voltar" ao passado.. Pelo menos era o que ele pensava.


-De onde és? Ele pergunta.

-Moro na Picadilly! Ela responde, visivelmente atordoada.

-Sei que não é dessa era.. Pergunto mais uma vez, de onde vens? E qual alquimista foi tolo de te trazer ao passado?

Ela parecia não entender todas as palavras, e quando entendia, suas respostas geravam mais duvidas.. falava de lugares que ele não sabia, e insistia em elogiar o talento dos atores.. falava sobre uma tal de “hintherneit”...Poderia ser ela uma pagã que cultua divindades futuras?

Nesse momento confuso, percebeu uma inscrição na pedra que servia de pórtico na taberna.

Take your black wings to fly

Enter our realm of truth and cry

Master paths to what is fair

Put your way trough earth and air

Open eyes to soaking light

Rending roads to love and fight

Unite thy dreams aeons apart

May your God bless soul and heart

Dante ficou confuso. Aquela escrita não era hebraico, ou grego, nem latim. Era inglês, sabia disso, pois aquela linguagem era usada em documentos de sigilo. Já que o clero não compreendia, e poucos tinha entendimento desse meio.

Contudo ,estava ali, claro e legível..Segurou a mão da mulher, e sentiu o destino tecendo fios a sua volta....


Assim, como um encontro de duas galáxias...

Como uma gota caindo no lago plácido, os eventos haviam começado...

E a ressonância daqueles dois, ecoaria mais forte que as trompas dos Deuses.

Londres , 3 de maio de 1408





PS: Especial para a Lívia por me motivar tanto a escrever e ter tanta paciência comigo

;**



3 comentários:

Camila S. B. disse...

Há, ainda tem coragem de dizer que escreve mal. :P

Excelente conto, sr. Lucas. ;)
Esperarei os próximos capítulos ansiosamente. :)
Gosto muito de contos, ainda mais de época... portanto, não pare de escrever! :*

Lívia de Araújo disse...

Muito lisongeada eu é que te agradeço por me fazer querer reabrir um blog ..
Tava me fazendo muita falta ..

E ler seus textos foi essecial para tomar essa decisão ..

Muito obragada pela decicatória e por escrever coisas que valem a pena ler!

É isso aí ..
High five o/

Unknown disse...

Ter paciência contigo mocinho?
O prazer é todo meu esperar pelas suas postagens ..

Fico feliz em saber que te motivo a escrever =)